Comércio e parte da indústria avaliam como positivo o veto ao novo modelo do ICMS
Data: 11 de maio de 2018
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A rejeição dos deputados estaduais à Medida Provisória 220 na última terça-feira (8) travou os reflexos que a medida traria principalmente ao setor têxtil e também ao consumidor final, que arcaria com o aumento dos impostos, na avaliação da maioria dos parlamentares e da Fecomércio-SC. Com a derrubada da MP, o governo de Santa Catarina volta a estudar um novo plano para enviar à Alesc. Pode surgir uma nova medida provisória ou então outro dispositivo legal.
O Governo do Estado justificou que a MP aumentaria a arrecadação do Estado, mas desprezou o impacto em indústrias que têm benefício fiscal e pagam sobre o faturamento. Independente do valor destacado, a medida encarece alguns produtos, deixando essas empresas, especialmente as têxteis, sem margem de lucro. O setor têxtil e de confecções é o maior empregador da indústria catarinense. Em 2016, segundo dados mais recentes da Fiesc, respondia por 22% das vagas formais. Isso correspondia a 161,6 mil vagas de um total de 734,6 mil no setor, responsável por 34% dos empregos formais em SC.
Caso a medida provisória fosse aprovada, o varejo e os consumidores sentiriam no bolso a mudança. Um produto, por exemplo, que sai do fabricante a R$ 100, tem imposto de R$ 8,50 para o varejo. Com a medida, esse valor subiria para R$ 13,50, um aumento de 58%.
O placar de 24 votos pelo arquivamento da MP-220 refletiu a falta de diálogo prévio do Governo do Estado com os setores envolvidos. Foi também uma demonstração de força do parlamento em rejeitar mudanças das regras com o jogo em andamento.
Foi o que traduziu nesta quarta-feira (10) o empresário Luciano Hang, um dos opositores da medida: “O empresário que veio para cá acreditando no governo de Santa Catarina vai achar que não vale mais nada. Estão rasgando os contratos”, disse o dono da rede Havan sobre a forma como o Executivo conduziu a questão tributária. Em conversa com integrantes da Fecomércio, Hang destacou que, com os incentivos fiscais para a indústria, o comércio teria que repassar os impostos para os consumidores. A mudança poderia empurrar para outros Estados as centrais de compra e distribuição que foram atraídas para cá justamente pela política fiscal e que compram de indústrias daqui para vender em outros Estados. “Quero deixar claro que o comércio é repassador de impostos, e temos a possibilidade de comprar de outros Estados, do Paraguai ou de qualquer país”, afirmou o empresário.
Medida colocou setores em conflito
Os deputados também atacaram a contradição na alegada redução de impostos. Para o deputado Gelson Merísio, o peso da redução do ICMS para a indústria importaria no aumento da carga a ser suportada pelo consumidor final. “Santa Catarina não vai tolerar aumento de impostos”, afirmou Merisio, destacando que isso não foi feito no auge da crise e não seria, agora, que a arrecadação cresce na casa dos dois dígitos, o momento para mexer na carga tributária. “Uma mudança desse porte, sem discussão profunda com os envolvidos, retiraria de Santa Catarina uma de suas maiores conquistas: a confiança dos investidores”, completou o deputado.
Além da polêmica no parlamento, a MP também colocou em conflito as entidades representativas da indústria e do comércio. Logo após o anúncio da Medida Provisória 220, comitivas de empresários foram à Secretaria da Fazenda, preocupados com aumento do custo e ameaça de desemprego em massa. “É necessário esclarecer à sociedade catarinense que, na forma como que foi apresentada, a MP elevaria sim a carga tributária. O que o governo propôs foi uma redistribuição do ICMS na cadeia produtiva, penalizando o comércio varejista e, por consequência, o consumidor final”, afirmou o presidente da Fecomércio SC, Bruno Breithaupt.
Com novo ICMS, indústria e comércio pagariam mais
Infografia: Rogério Moreira Jr./ND
Fonte: Jornal Notícias do Dia
