Inovação, oportunidade, amor e sororidade: contadora se reinventa durante a pandemia
Fonte: Comunicação CFC
Data: 20 de abril de 2021
Fotos:
Créditos: Ingrid Castilho
“Ser contadora, para mim, é sinônimo de muito orgulho”, diz a profissional Eliane Soares de Porto Alegre (RS)
Em homenagem ao Dia do Profissional da Contabilidade, comemorado no dia 25 de abril, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) apresenta histórias reais de contadores que se reinventaram e evoluíram na vida pessoal e no trabalho, ao longo de sua carreira, mas, principalmente, no último ano devido à pandemia de coronavírus e às mudanças que ela provocou na sociedade.A empresária contábil Eliane Soares sempre buscou se cercar dos melhores sistemas e outras tecnologias para otimizar seu trabalho, mas não esperava ter que adentrar ainda mais nesse campo até a chegada do novo coronavírus no Brasil. O escritório que administra junto ao marido, em Porto Alegre (RS), precisou ser transferido para dentro de casa e o atendimento aos clientes foi remodelado.
“Antes da pandemia, nós já tínhamos um projeto de trabalhar à distância, usando recursos de videoconferência, atendendo ao cliente de forma on-line. Com a chegada dela, nós tivemos que colocar esse plano em prática da noite para o dia”, conta.
Para se reinventar, Eliane primeiro buscou reduzir os custos com fornecedores de sistemas e com a imobiliária. Simultaneamente, ela investiu em equipamentos de ponta para o home office, em qualificações que pudessem ajudar o negócio a se destacar e em novos jeitos de ter à disposição os documentos e programas necessários. Satisfeita, ela conta que hoje possui um escritório móvel.
“Eu me cerquei de todas essas tecnologias, investi em internet móvel, em capacitações sobre as redes sociais, além de telefonia e documentos na nuvem. Hoje, se acontecer alguma coisa aqui na minha cidade, eu pego o meu computador, coloco debaixo do braço e posso ir para qualquer lugar que continuo trabalhando”, explica, rindo, a contadora.
Em meio à realidade, muitas empresas precisaram encerrar as atividades, impactando diretamente no trabalho dos profissionais da contabilidade. No caso de Eliane, mesmo com esses acontecimentos, ela viu uma oportunidade para alcançar um novo nicho de mercado e gerar uma renda extra.
“A pandemia também fez com que muitas pessoas se reinventassem a partir do próprio negócio, então começamos a oferecer consultorias para MEIs, para pessoas que não estavam devidamente formalizadas nas suas atividades. Muitos profissionais liberais pediram orientação para regularizar a sua situação. Conseguimos divulgar bem esse trabalho com as redes sociais”, detalha.
Atendimento diferenciado
Uma outra forma de conquistar mais clientes foi a partir de um atendimento diferenciado para idosos, já que alguns tinham dificuldades em obter ou entregar os documentos de forma digital, ou simplesmente por questões de mobilidade e também de distanciamento.
“Desde o início da pandemia, tivemos que ter uma atenção bem especial com eles. De modo a viabilizar a entrega dentro do prazo, mesmo que ampliado. Com isso, conquistamos novos clientes com esse perfil, por meio de indicações”, relata a empresária.
Desafios
A contabilidade entrou na vida de Eliane por acaso, mas não foi por acaso que permaneceu. Tudo começou aos 16 anos com uma oportunidade de trabalho indicada por uma amiga. Pouco tempo depois, a porto-alegrense já estava fazendo o curso Técnico em Contabilidade e engatando na graduação em Ciências Contábeis, até, em 1999, abrir o próprio escritório contábil. Os desafios para seguir a contabilidade foram muitos, mas ela superou todos.
“Naquela época, era tudo muito difícil, ainda mais para mulheres virarem empreendedoras contábeis. Hoje, a mulher tem sido a protagonista em vários setores, ela é mais aceita. Quando eu comecei, até no curso técnico, a maioria dos meus colegas eram homens e mais velhos, foi muito difícil estar numa faculdade sem representatividade. No momento de empreender também senti uma dificuldade, mas as coisas mudaram. As pessoas estão mais abertas, entendendo que as mulheres ocupam todos os ramos, inclusive o contábil”, fala a contadora.
Amor e trabalho
O elo entre a contabilidade e o amor se dá de duas formas na vida de Eliane. Além do amor à profissão, foi ela que incentivou o marido, Luís Antônio Neves, a cursar a graduação em Ciências Contábeis. Motivo de orgulho, em especial, pelos 21 anos que estão lado a lado trabalhando juntos.
“Eu me sinto muito feliz, porque ela é uma grande companheira que me incentivou a estudar e me colocou de novo no mercado de trabalho. Eu tinha acabado de ser demitido de um banco e ela me deu essa força. Tive que me reinventar, mas não foi tão difícil, pois gostei da nova profissão. A gente ama o que a gente faz”, expressa Neves.
Representatividade
Eliane também se destaca por sua representatividade na profissão. Atualmente, ela faz parte da Comissão de Estudos do Plural e do Inclusivo, do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (RS), que tem como um dos principais objetivos ampliar o espaço de mulheres, a diversidade étnico racial, pessoas com deficiência e outros grupos minoritários na profissão.
Além disso, a contadora faz parte da Rede de Contadoras Negras (Recon), uma iniciativa que surgiu em um Congresso Brasileiro de Contabilidade para apoiar mulheres pretas dentro da profissão. O grupo conta com 40 participantes dos estados do Rio Grande do Sul (RS), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Espírito Santo (ES), Bahia (BA) e Amazonas (AM) e é aberto para outras contadoras participarem da rede. Saiba mais aqui.
“Todas temos origem humilde. Nos enxergamos umas nas outras, as histórias cruzam muitas vezes e isso aumenta o nosso orgulho pelo que se conquistou. Nesse grupo, além de ter essa coincidência de vida, nós apoiamos umas às outras. Temos muitas estudantes que damos suporte para fazer trabalhos acadêmicos e profissionais, praticamos mentoria, ensinamos a respeito de legislação, burocracias”, conta.
As ações que Eliane participa se encaixam na sua visão de que o jovem e as tecnologias são o futuro da contabilidade. Para ela, é preciso criar e apoiar as estruturas que permitem a caminhada profissional e o desenvolvimento do capital humano.
“Eu acredito muito no jovem e na capacidade que ele tem de agregar pessoas, agregar o universo e usar a tecnologia de forma positiva. O contador e a contadora têm muito com o que acrescentar na sociedade. Acho que não pode ficar só ramo corporativo. O nosso trabalho é fundamental para todo mundo”, finaliza.