Os símbolos dão-nos liberdade de pensamento, quando visam representar algo demasiadamente abrangente.
Por tudo o que se pode conhecer de Mercúrio e do Caduceu, é possível admitir que os contadores tomaram tal simbologia para significar que:
1. nossa missão é dividida como guardiães de riquezas, que visam suprir à necessidade dos homens (tal como Júpiter atribuiu a Mercúrio);
2. assumimos o papel de protetores por meio da informação ágil e de sua interpretação (por analogia com a arte de prever, que era atributo de Mercúrio);
3. não vivemos nas evidências das manchetes, mas, no quase anonimato, tomamos conhecimento de tudo e estamos em toda parte (toda célula social tem um ou muitos contabilistas), sendo-nos confiadas importantes e constantes missões (tal como se fazia a Mercúrio);
4. conseguimos controlar todo o comportamento das gestões por meio de nossos métodos, assim como Mercúrio, que, ao colocar seu capacete, tornava-se invisível e controlava as ações dos homens, guardando sigilo sobre o que fazia pelo fato de se ocultar materialmente;
5. utilizamos, em alta dose, os recursos mentais e intelectuais para dominar uma ciência complexa e só plenamente conhecida pelo uso da razão, com a máxima energia, com o uso de rara inteligência, mesmo que seja para iniciar nossas práticas (tal como a mitologia sugere à vida de Mercúrio);
6. estaremos sempre extremamente ocupados se desejarmos, com proficiência, exercer a profissão, pois as tarefas mais delicadas e sigilosas da administração nos são confiadas (tal como acontecia com o ocupadíssimo e diligente Mercúrio);
7. a velocidade com que ocorrem as práticas na vida das empresas e das instituições requer, de nossa parte, uma presença que nos obriga à agilidade e vitalidade, tal como o Caduceu a garantia a Mercúrio, como arauto dos deuses.
Tais considerações, dimanadas de nossas observações e produzidas por associações de idéias, pelo que possa o símbolo para nós representar, oferecem a justificativa da propriedade com que se escolheu tal simbologia e o quanto devemos sempre ter em mente sobre nossas responsabilidades éticas.
A Pedra do Anel
Existem divergências quanto à cor da pedra do anel do contabilista e há, também, os que desejam estabelecer uma para o Técnico em Contabilidade, a pedra rosa, e outra para o Contador, a pedra azul.
Pela tradição, vivendo a história dos Conselhos desde que nasceram, a origem da pedra em nosso anel é de cor rosada, sendo ela um rubislite, segundo o professor Ynel Alves de Camargo.
Essa escolha decorreu da influência do Direito sobre a Contabilidade, que foi muito grande nos séculos passados; sendo a pedra do advogado vermelha, a do Contador deveria ter a mesma coloração, em outra tonalidade, pois, entendia-se a profissão mais atada ao ramo do conhecimento jurídico (até hoje, as legislações fiscal, previdenciária, trabalhista, comercial, civil e administrativa muito ocupam a ação profissional quotidiana e prática dos Contabilistas).
Essa hipótese alimenta-se com a própria tábua da lei, que se inseriu também como símbolo em nosso anel.
Só a partir das idéias da doutrina contábil materialista, é que se entendeu que a Contabilidade e o Direito possuem, de maneira bastante distinta, métodos e finalidade de estudos, justificando, pois, também, simbologias distintas.
O Conselho Federal de Contabilidade - CFC, ao adotar como recomendável o uso da pedra rosada para o anel, prendeu-se às origens, fato compatível com o que é simbólico, pois, em realidade, as cores, as figuras, como associação de fatos, estão todas atadas a uma tradição.
O importante era que se definisse a questão e isso foi feito pelo CFC com respeito à ética e a uma história muito nossa.